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23 de jan. de 2010

Paixão e serviço

“Paixão” uma expressão tão comum na linguagem evangélica pós moderna; presente nas canções, nas orações, nos sermões e até profecias. Mas junto à expressão vêm os grandes debates, as divergências de opiniões; seja nos pátios e bibliotecas dos seminários, ou, nas salas de reunião das igrejas as discussões são sempre “apaixonadas”. Para alguns que se denominam mais racionais o termo é inapropriado, como expressão de culto. Outros mais sensíveis vêem apenas como liberdade artística do poeta; e assim segue a discussão; que por sinal é mais antiga que o uso do termo na poesia evangélica.
Tenho uma proposta a fazer. Porque ao invés de apenas cantarmos louvores, ou fazermos orações apaixonadas; e até mesmo abolirmos o uso da palavra não mudarmos o foco para um outro sentido da palavra? Este sim vale a pena dar crédito.
O termo latim para definir paixão é passio que significa sofrimento. Na história do cristianismo a expressão paixão é usada para descrever os dias e horas finais de Cristo. Relendo os evangelhos encontramos Jesus em plena atividade nos seus últimos dias; purificou o templo, confrontou a Judas e advertiu Pedro, celebrou a ceia, instruiu os discípulos e deu uma linda lição de serviço e humildade. As horas finais foram marcadas por profunda dor e angustia seguida de morte na cruz – esta foi a paixão de Cristo (João 13;14;18).
Segundo Leonardo Boff a paixão de Jesus é conseqüência de sua fidelidade ao Pai e aos irmãos. Não foi uma paixão no sentido sensual visando o próprio prazer. Mas foi sofrimento solidário. Daquele que se deixa compadecer do mais impiedoso pecador. Preferiu oferecer a própria vida em serviço aos outros a se deixar seduzir pelas possibilidades de poder temporal.
A paixão, conforme Jesus nos leva a ter zelo pelas coisas de Deus; a ansiar por uma vida de santidade; amar ao amigo e ao inimigo; a dar a outra face; a lavar os pés dos outros; trilhar o caminho da humilhação; resistir à sedução do pecado; e principalmente, viver o evangelho da cruz.
Se a paixão que expressamos em nossas liturgias significar apresentar nossa vida em serviço santo e agradável ao Senhor. Se significar seguir o exemplo de abnegação e obediência de Cristo (Filipenses 2:5-11); devemos cantar orar; servir e profetizar de maneira apaixonada.

Em Cristo.
Evane Lima

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